segunda-feira, 6 de junho de 2011

Análise crítica S9


 Thaís de Oliveira Rangel
RA: 084145

No texto “Wallon e a Educação” pudemos ver um pouco de sua teoria psicológica. Em sua teoria, Wallon analisa a pessoa em seus domínios afetivo, cognitivo e motor de forma integrada. Seu interesse pela educação levou-o a elaborar um projeto de reforma do ensino francês, conhecido como Langevin-Wallon, e alguns textos sobre educação.
Analisando suas obras podemos ver dois tipos de leitura pedagógica:
1-      Pedagogia explícita: textos que apresentam análises da Educação Nova e tratam da Educação em geral; Projeto Langevin-Wallon.
2-      Pedagogia implícita: inferências a partir de sua psicogenética e da atuação de Wallon como professor.
Pedagogia explícita:
Análise da Educação Nova:
Sua contribuição dá-se da análise crítica das diferentes doutrinas desse movimento, mostrando os equívocos cometidos, por não terem conseguido superar as dicotomias sobre as quais se assentava o ensino tradicional. Sua análise dos pioneiros da Educação Nova, evidencia que estes oferecem conclusões parciais. Wallon critica principalmente a opção que os sistemas educacionais fazem de não abrir a escola para a sociedade: “trata-se pois, segundo Wallon, de integrar os dois pólos entre os quais a educação sempre oscilou – a formação da pessoa e sua inserção na coletividade - , de maneira a assegurar sua plena realização (1986: 23). Em sua análise, dois autores fizeram essa integração, Decroly, educador belga (1871-1932) e Makarenko, soviético (1888-1939). Decroly utiliza os Centros de interesse, ele respeita a criança ser total, completo e ativo. Makarenko tem um objetivo a atingir, porém não tem formas preestabelecidas de ação, ele entende que o ser humano é diferente no tempo e no espaço.
Projeto Langevin-Wallon:
Este resultou do trabalho, por três anos (1945-1947), de uma Comissão de vinte membros nomeados pelo Ministério da Educação Nacional, com o objetivo de reformar o sistema de ensino francês após a Segunda Guerra. O objetivo do Projeto é construir uma educação mais justa para uma sociedade mais justa. As ações propostas baseiam-se em quatro princípios: justiça, dignidade igual de todas as ocupações, orientação e cultura geral. Para isso, prevê mudanças na estrutura e no funcionamento do sistema educacional. Quanto à estrutura é proposta uma divisão em graus e ciclos.
Primeiro grau:
1º ciclo – 7 a 11 anos: educação comum;
2º ciclo – 11 a 15 anos: ciclo de orientação;
3º ciclo – 15 a 18 anos: ciclo de determinação. Os alunos encaminham-se para uma das seções: estudos teóricos, profissionais e práticos.
Segundo grau:
Segue-se ao ensino de primeiro grau. Engloba o ensino propedêutico – preparatório para um ensino mais completo – obrigatório para o ingresso no ensino universitário, e o ensino superior – apresenta três funções: ensino com objetivo profissional, investigação científica e ensino puramente cultural.
Pedagogia implícita:
Três pontos se destacam em sua suas propostas:
1-      a ação da escola não se limita à instrução, mas se dirige à pessoa inteira e deve converter-se em um instrumento para seu desenvolvimento;
2-      a eficácia da ação educativa se fundamenta no conhecimento da natureza da criança, no seu estudo psicológico;
3-      é no meio físico e social que a atividade infantil encontra as alternativas de sua realização.
O papel do meio e dos grupos na educação:
Para Wallon o meio é fundamental no desenvolvimento da criança.
“O meio é um complemento indispensável ao ser vivo. Ele deverá corresponder a suas necessidades e a suas aptidões sensório-motoras e, depois, psicomotoras [...]
Os meios em que vive a criança e aqueles com que ela sonha constituem a “fôrma” que amolda sua pessoa. Não se trata de uma marca aceita passivamente (Wallon, 1986: 168-169 e 171).”
O fundamento do trabalho do professor: respeito pelo aluno
Para Wallon, o fato de o professor respeitar o aluno contribuirá ao desenvolvimento deste. O professor deve ver a criança como uma pessoa completa, integrada, contextualizada, deve observá-la em cada um de seus domínios funcionais. Alguns pontos dessa observação:
a)      a emoção é contagiosa, alimenta-se dos efeitos que produz; o professor deve auxiliar o aluno a racionalizar suas emoções.
b)      Não é só a inteligência que tem uma evolução, mas também a afetividae. O professor deve observar o aluno para atendê-lo em sua diferentes exigências de afeto.
c)      Na evolução do pensamento, para sair do sincretismo e chegar ao pensamento categorial, a criança enfrenta obstáculos decorrentes das fontes de conhecimento e de suas condições pessoais. O professor observando as manifestações de seu funcionamento mental, deve auxiliar na superação dos obstáculos.
d)     A criança tem uma disposição natural para se interrogar acerca de si própria ou sobre os acontecimentos que provocam sua atuação. O professor deverá propor questões que lhe despertem o interesse.
e)      Muitas das dificuldades de aprendizagem são decorrentes da falta ou deficiência do investimento da pessoa no ato de aprender.
f)       A aprendizagem ocorre se está adequada aos interesses do aluno, e todo interesse nasce de uma necessidade. O professor deve identificá-las e criar condições para satisfazê-las.
g)      O meio é importante fator no desenvolvimento; nada pode ser analisado deslocado doa situação em que está.
Wallon nos deixou duas importantes lições. Somos pessoas completas, com afeto, cognição e movimento e nos relacionamos com alunos os quais também são. Somos componentes privilegiados do meio do nosso aluno, nossa responsabilidade é torná-lo mais propício ao seu desenvolvimento.

Referências:
ALMEIDA, L. R.; Henri Wallon Psicologia e Educação. Editora: Loyola

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