domingo, 12 de junho de 2011

Entrevistas - Grupo Brinquedo

Prof. TATIANA LEITE DE CARVALHO GARCIA


1.) Você pode conceituar as palavras brinquedo e brincadeira?
 R: Brinquedo refere-se ao instrumento e/ou objeto utilizado para se elaborar e/ou vivenciar uma brincadeira. Esta, por sua vez, é a situação lúdica em si, isto é, são as ações que decorrem a partir da exploração do brinquedo (sendo ele material ou não, já que nem todos os brinquedos representam necessariamente algo concreto, como é o caso, por exemplo, dos brinquedos cantados). Além disso, a brincadeira traz uma característica importante: envolve imaginação e regras (porém, estas não são regras formais e previsíveis) em sua estruturação.

2.) Qual é a importância de se utilizar brinquedos ou brincadeiras para o aprendizado infantil?
R: Penso que essencialmente o brincar é uma característica marcante da infância. O prazer e a satisfação que uma criança revela quando brinca, em minha opinião, já configuram por si só um motivo suficiente para que o universo lúdico esteja garantido também no âmbito da escola. Particularmente, acredito que contemplar brinquedos e brincadeiras no contexto escolar é, sem dúvida, importante e traz benefícios para a aprendizagem infantil, uma vez que promovem, além de contentamento, oportunidades de expressão de sentimentos, emoções e desejos, aguçam a imaginação e o ato criativo, possibilitam um (re)criar da realidade na qual vivem e, consequentemente, favorecem (re)significações, ampliam as relações entre os pares (bem como entre estes e o adulto/educador) e contribuem para a socialização.
Entretanto, acredito ser relevante atentar para a necessidade de um olhar cuidadoso e sensível quando se pensa em contemplar brinquedos e brincadeiras no contexto escolar, visando assim não concebê-los como mero “acessório pedagógico” destinados apenas (e/ou justificados pelo) ao ensino de conteúdos escolares, mas também valorizar o lúdico e, portanto, “o brincar pelo brincar” enquanto fonte de prazer e de satisfação infantil descolando-o de uma visão estritamente utilitária.
Neste sentido, insisto para um cuidado com a “pedagogização do lúdico”, apesar dos benefícios já sabidos que brinquedos e brincadeiras trazem para a aprendizagem infantil.

3.) Quando a criança aprende pelo brincar?
R: Acredito, principalmente, que a criança aprende quando aquilo que se ensina lhe é significativo, isto é, lhe permite construir sentidos. Com o brincar que, por sua vez, é um comportamento característico da criança, abre-se uma gama de possibilidades de aprendizagem, tais como: habilidades motoras, expressão e comunicação / linguagem verbal e não-verbal, relações interpessoais, representações simbólicas, construção de regras e combinados coletivos, dentre outros inúmeros desdobramentos positivos que colaboram para a aprendizagem da criança.

4.) Qual a melhor forma de utilização de brinquedos na sala de aula?
R: Particularmente acho complexa a tarefa de definir qual a melhor forma de utilização de brinquedos em sala de aula, sem referir-se a especificidades da turma e/ou grupo de crianças com o qual se trabalha.
Penso que algumas diretrizes são comuns quando se pretende tal tarefa, como: atentar-se para a faixa etária para qual se destinarão os brinquedos adquiridos e/ou selecionados; investigar os interesses e necessidades particulares da turma; considerar que será preciso inserir tais brinquedos numa situação coletiva de uso e, daí, a importância de se ter uma quantidade adequada / satisfatória para que todos sejam contemplados e possam desfrutá-los; verificar a qualidade dos brinquedos e a segurança que oferecem às crianças, visto que serão manipulados com frequência e com autonomia pelos pequenos e pequenas.
Em síntese, julgo importante o olhar e a escuta para e com as crianças, na tentativa de atender as demandas infantis e, assim, não definir previamente aquilo que será oferecido a elas sob a ótica do adulto, apenas.

5.) Quais as principais brincadeiras utilizadas na aprendizagem infantil?
R: As possibilidades de brincadeiras são múltiplas, a depender dos materiais / recursos disponibilizados às crianças, bem como da organização do tempo e do espaço para que as atividades lúdicas efetivamente aconteçam. Sendo assim, é possível contemplar aspectos motores, cognitivos, sociais e afetivos através das brincadeiras. Para tanto, podemos contar com jogos de regras, de construção, jogos cooperativos, além de brinquedos que possibilitam acessar o universo simbólico / fantástico, ou ainda, aqueles que estimulam os movimentos / habilidades motoras.

6.) As brincadeiras devem priorizar o movimento ou não?
R: Acredito que o movimento certamente é um dos elementos importantes a ser contemplado, mas não necessariamente deve ser priorizado, já que nem todos brinquedos e/ou brincadeiras exigem prioritariamente tal aspecto motor (por exemplo, um jogo de tabuleiro). Desta maneira, reitero a necessidade de se conhecer o grupo de crianças com o qual se trabalha e, consequentemente, suas demandas para planejar estratégias significativas de usos de brinquedos e brincadeiras no contexto escolar, de forma que seja possível melhor atender às especificidades e necessidades daquela determinada turma de crianças.

7.) Os jogos eletrônicos e de computador podem ser utilizados para o aprendizado?
R: Sim, uma vez que o acesso a ferramentas digitais tem sido cada vez mais ampliado e, além disso, já faz parte do contexto sócio-histórico atual. Vivemos, portanto, numa cultura letrada e, cada vez mais, “informatizada”. A criança, por sua vez, convive com essa nova realidade e, tendo a oportunidade, se apropria desse repertório outro trazido pelas novas tecnologias. Não contemplar e/ou negligenciar tais atualizações seria descartar uma ferramenta possível para que crianças possam vivenciar maneiras outras de se comunicarem, se relacionarem e, possivelmente, de construírem conhecimento.

8.) É importante que a escola ensine brincadeiras antigas e tradicionais? Por quê?
R: À escola cabe, basicamente, a função social de compartilhar saberes e socializar bens culturais construídos pela humanidade ao longo de um processo histórico. Assim, é função da escola assumir-se efetivamente como um espaço de sociabilidade comprometido com a construção e com a partilha do conhecimento produzido, bem como com a diversidade cultural.
Neste sentido, as brincadeiras antigas e tradicionais constituem um repertório importante que deve sim ser contemplado pela escola, já que representa parte de uma dada cultura, de uma dada sociedade, isto é, carrega consigo elementos significativos de uma dada tradição preservando a identidade e resgatando saberes populares da comunidade na qual se encontra inserido.

O uso de brincadeiras em faixas etárias mais elevadas não é tão estimulante quando comparada com crianças de faixas de idades menos elevadas, no entanto é um meio importante para se chegar ao aprendizado.
Prof. Ederson Dorigan
"Para as faixas de idades mais elevadas deve-se cuidar para que a brincadeira seja sempre aplicada a uma situação do dia-a-dia, use o máximo de seu raciocínio e de preferência que o jovem interaja com o colega de maneira competitiva e solidária ao mesmo tempo. O uso dos recursos tecnológicos também promove uma maior aceitação, participação e interesse pelas atividades."
 Julia Medici - 091751

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