quarta-feira, 27 de abril de 2011

análise crítica - aulas 3 e 4

Os textos sobre aprendizagem e desenvolvimento, unidos ao filme “ O milagre de Anne Sullivan” podem ser analisados mediante alguns apontamentos.
O primeiro ponto foi a forma como o grupo formado na aula do dia 25/04 metaforizou toda a teoria da Zona de desenvolvimento proximal: visualizamo-la como uma corda jogada a alguém que está em um plano inferior; para que este saia ele deve conseguir agarrar a corda que está em sua frente. Esta corda tem sempre que levá-lo a algum lugar, porém se muito adiantada, corre o risco de não ser apreendida pelo resgatado. Assim enxergamos a zona de desenvolvimento proximal com relação à mediação adulta: ela deve ser feita sempre de forma a beneficiar a construção de funções psicológicas na criança, fazendo com que esta se beneficie da interação social.
Eis ai uma das diferenciações entre Piaget e Vygotsky: o primeiro considera que o desenvolvimento condiciona o aprendizado, ou seja, que há um “limite” que o aprendiz chega em determinada idade, delineada por seu desenvolvimento. Para Vygotsky, existe certa combinação entre as duas características, e o aprendizado é influenciador e participador ativo do processo de desenvolvimento. Para ele: “O aprendizado é mais do que a aquisição de capacidade para pensar; é a aquisição de muitas capacidades especializadas para pensar sobre várias coisas”.
Vem desta definição uma das aplicações da teoria do autor, explicitada no texto “A mediação simbólica”, de Marta Kohl de Oliveira: o ensino escolar. A autora, analisando o conceito da Zona de Desenvolvimento Proximal, considera que a infância é um dos momentos no qual o ser mais deve se beneficiar do ambiente sócio cultural, e da influência dos demais na aprendizagem. Portanto, define que o único bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento. Lembra também que algumas leituras da teoria de Vygotsky podem levar o ensino a um viés diretivo, tradicional; porém a teoria transmite o conceito de interação entre os indivíduos, que deve ser considerado no ambiente escolar ideal.
Apesar de toda a discussão, e da teoria da ZDP ser de extrema relevância no ensino, algumas lacunas ainda existem no meu entendimento.
Há um questionamento sobre a teoria de Piaget, que normatiza as crianças dentro de uma certa faixa etária e ‘delimita’ o que estas podem aprender. Porém, ao potencializar a aprendizagem dos indivíduos, Vygotsky não considera uma margem ideal de aprendizagem, tornando sua teoria um pouco utópica nas salas de aula. Se a aprendizagem suplanta o desenvolvimento, como descobrir qual o conteúdo que deve ser abordado em uma sala de aula, com crianças em faixas de desenvolvimento semelhantes, porém com potencialidades individuais tão destoantes?
Outro ponto que me chama a atenção é a aplicação da teoria da ZDP na aprendizagem motora. Não há indícios, até as atuais leituras, sobre uma abordagem no plano motor. Porém a aprendizagem de gestos eficientes, nas aulas de educação física, segue a dinâmica da aprendizagem nas disciplinas: há a necessidade de uma “corda” que leve as crianças a novas possibilidades corporais, e há também a troca de informações com os semelhantes, fator que permite novas habilidades desenvolvidas através do processo cognitivo. Porém, como visualizar a teoria de Vygotsky nas aulas de educação física? A aprendizagem motora segue as mesmas regras colocadas pelo autor da aprendizagem das demais disciplinas?
 Daniele Medeiros - RA 090853
OLIVEIRA, M. K. Vigotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. SP: Scipione, 1997 (Pensamento e ação no magistério).

VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. SP: Martins Fontes, 1998 (4ª. Ed.) 

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