domingo, 17 de abril de 2011

Resenha crítica - Aula 2

A introdução à obra de Vygotsky se torna mais clara com a análise de sua biografia. A análise do texto “Vygotsky – uma síntese” de Rene Van Der Veir e J. Valdinee se torna um rico material na análise quando confronta os momentos de vivência individual do autor com seus estudos. Suas condições espaciais (vivia na Bielorússia em tempos de revolução) e sua escolha religiosa (era judeu, religião perseguida dentro do país) foram alguns fatores que nortearam sua obra.
Além disso, desde cedo tinha grande aproximação com a literatura. No texto “Formação social da mente”, de Cole e Scribner, há a demonstração de uma demanda prática das teorias por parte do governo. Logo, sua aproximação com a linguagem e com a formação do comportamento permite a aplicação de suas teorias na educação.
A doença que o perseguiu durante grande parte da vida também serviu para que o autor fizesse algumas escolhas. A aproximação com o ambiente “agoniante”, “arrasador” e “deprimente” dos sanatórios o ligou diretamente a área médica, que foi um dos pontos de aplicação de suas teorias.
A presença dos ideais marxistas em sua vida e obra também foram visíveis. O autor procurou adaptar o materialismo histórico dialético na psicologia. A partir desta análise pôde entender a presença dos signos na sociedade.
O texto “Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem” de Luria mostra  outro fator que levou as pesquisas de Vygotsky ao patamar que atingiu: o encontro com os estudantes de Leningrado. A. R. Luria, jovem que ouvia seus discursos em um encontro realizado na universidade da cidade tornou-se, depois, participante ativo e divulgador de seus estudos. Tal texto aprofunda também alguns dos norteadores do estudo de Vygotsky. Para ele, o momento era de “cataclismos geológicos em psicologia”, já que os métodos laboratoriais da época não eram capazes de analisar as funções psicológicas complexas, que distinguiam os homens e animais. O autor almejava, então, criar uma nova psicologia, que não retalhasse os processos psicológicos, diminuindo-os a fenomenologia. Sua pesquisa se baseia em várias vias de desenvolvimento intelectual: a filogênese, a ontogênese, a sociogênese e a microgênese, e, assim, busca responder à questão central de sua pesquisa: o que torna o humano um ser diferente dos demais, ou de que forma o homem constrói o pensamento.
Os textos permitem que se faça a relação entre todos os passos do psicólogo e os reflexos em sua pesquisa. O fato de trazer consigo traços racionalistas (“Vygotsky – uma síntese”) pode estar relacionado, por exemplo, a sua necessidade de implantar o rigor metodológico em sua pesquisa.  Apesar de ser um estudioso do meio como influenciador dos processos cognitivos, não deixava de aplicar os testes experimentais de laboratório. Porém, ao fazer isso não reduzia os resultados, e sim buscava analisar aquilo que estava encoberto pelo comportamento habitual; não se reduzia ao resultado, analisava o processo de formação.
Por fim, conhecer a presença eminente de uma doença fatal fez com que o cientista não se limitasse a uma linha de pesquisa até que esta se esgotasse. Seus estudos foram feitos para serem continuados, e sua ênfase foi dada na abertura de novos caminhos na compreensão da psicologia.

VEER, Rene van der (autor); VALSINER, Jaan (coaut.). Vygotsky: uma sintese. 4. ed. São Paulo: Unimarco/Loyola, 2001
VYGOTSKY, Lev. La imaginación y el arte em la infância. Madrid: Espanha. Ed. Akal, 2009. Tradução: Heloísa Matos Rocha
VYGOTSKY, L. S., LURIA, A. R., LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e
aprendizagem. Tradução: Maria de Penha Villalobos. 6ª ed. São Paulo: Ícone: Editora
da Universidade de São Paulo. 2001.
VIGOTSKY, L. S. (Lev Semenovich) (autor); COLE, Michael (coaut.). A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicologicos superiores. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
Daniele Medeiros
RA 090853
EL 511 - Psicologia e educação

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