segunda-feira, 18 de abril de 2011

Análise Crítica referente à semana "2"

 Shellen Grace                RA: 106951

        Através da leitura dos textos, percebe-se que Vigotsky “chegou” na área da Psicologia quando esta estava em um momento de muitas questões, de inovação, devido à busca de novas maneiras para se estudar os “processos psicológicos humanos”: de um lado, na Inglaterra, a concepção era de que os estímulos ambientais produziam sensações que originavam as ideias¹; de outro, no continente europeu, a crença era de que as ideias já se originavam na mente humana².
  
          No início da Primeira Guerra, deixou-se de estudar a consciência para se estudar o comportamento. E Vigotsky diz que o comportamento de um indivíduo é determinado de modo sócio-histórico e culturalmente: é através de suas relações históricas, sociais e culturais que o sujeito age. Mesmo tudo aquilo que é denominado individual/particular, é uma forma de apropriação (e participação) da (na) cultura e da (na) história. Afinal, o indivíduo faz a história e a história faz o indivíduo, em uma relação de significação para ambos.

            Vigotsky trouxe inovações no estudo da psicologia: desejou criar outro modo de estudo em que não se desmembrasse a própria psicologia, mas sim, um modo que possibilitasse a compreensão das funções psicológicas superiores através dos estudos das “leis estímulo-resposta” (com princípios derivados da psicologia animal). Assim, pretendia estudar o comportamento dos seres humanos a partir de suas relações com o ambiente e com a sociedade³.
   
         O período em que ele esteve lecionando em Gomel foi definitivo para a origem de seu pensamento psicológico, o pensamento de que todo indivíduo é produto do meio.

           Creio que Vigotsky gostaria de poder ter feito muito mais contribuições do que as tantas que deixou antes de morrer. Também concordo com ele quando diz que a história, que o meio, são definitivos para o desenvolvimento psicológico do indivíduo. É claro que o ambiente externo influencia (e muito) no psicológico, pois o “externo” é determinação histórica, cultural e social e nós, querendo ou não, já nascemos dentro de uma determinada sociedade, que está inserida em uma determinada cultura e em determinado momento histórico (que já está lá, e não temos como modificá-lo antes de nosso nascimento).
  
          Ora, se são fosse assim, como explicar as diferentes formas de comportamento de diferentes povos? Em um lugar as mulheres podem exibir seu corpo, em outros, não devem expô-lo publicamente jamais; em vários países come-se a carne bovina, enquanto em determinada cultura a vaca é considerada um ser divino; em algumas culturas, o homem deve ter apenas uma esposa; em outras, várias.

           Como dizer que a história, a cultura e a sociedade não influenciam essas crenças, esses comportamentos, essas “verdades construídas” de cada povo? Praticamente impossível dizer que não.

1. Os seguidores de Jonh Locke queriam saber como as sensações simples combinavam-se para produzir as ideias complexas.
2. Os seguidores de Immanuel Kant não acreditavam que as idéias podiam ser decompostas em elementos mais simples.
3. Mas Vigotsky não era behaviorista, pois, para os behavioristas, é o comportamento o principal objeto de estudo, e não as relações sociais do indivíduo.

Referências Bibliográficas:

COLE, Michael; SCRIBNER, Sylvia. Introdução. In: A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 1-22.
LEONTIEV, A. N.; LURIA, A. R; VIGOTSKY, L. S. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. Ícone: São Paulo, 2001, p. 21-37.
VALSINER, J.; VAN Der VEER, R. Vygotsky: uma síntese. São Paulo: Loyola, 1996, p. 17-30.
VIGOTSKY, L. S. Cap. 1 (Arte e imaginação). In: La imaginación y el arte em la infância. Madri: Akal, 2009, p. 1-4.

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