quinta-feira, 21 de abril de 2011

Reflexão

Problemas no Ensino de História

É inegável que problemas no ensino como um todo são um realidade em nosso país. Porém tratarei um pouco das discussões que dizem respeito à minha área, o ensino de história, pois são as que vivencio.
Tenho em vista em primeiro lugar que a intenção primordial do curso de história da Unicamp não é formar professores, apesar de existir a modalidade licenciatura, mas sim pesquisadores. O que me faz – e também aos meus colegas de sala – pensar dessa forma é que a única diferenciação da modalidade licenciatura para a modalidade bacharelado é a obrigatoriedade do cumprimento de três disciplinas de sigla EL na faculdade de educação, o que considero insuficiente para a formação de um professor devido ao curto período para o contato com teorias e práticas pedagógicas, e além disso, inexiste uma disciplina voltada específicamente para o ensino de história propriamente dito, o que torna muito genérico e de difícil aplicação o que aprendemos nessas disciplinas, ficando apenas na teoria.
Contudo, existem dificuldades da própria história como disciplina, que vai além da formação dos professores. O conteúdo do currículo escolar e que é cobrado dos professores vem de debates historiográficos tradicionais do século XIX, esquemáticos, generalizantes e muito questionados hoje, e que pouco permitem a reflexão do aluno e a formação e um senso crítico. A história, diferentemente das ciências exatas ou biológicas não tem suas inovações divulgadas fora da universidade e intituições especializadas o que acaba muitas vezes passando ao aluno a impressão de ser estática, imutável, pouco reflexiva, apenas um esquema cornológico à ser decorado, o que é o oposto da história acadêmica, uma vez que essa consiste num debate historiográfico infindável e dinâmico. Mas, como trazer para a sala de aula questionamentos ao invés de certezas se como professores seremos sempre pressionados pelo mercado do vestibular, dos concursos públicos, de trabalho? Essa questão para mim é quase uma questão de ética, pois você pode iludir o aluno para ele ser aprovado, ao mesmo tempo que cumpre sua função como profissional assalariado, ou então você pode formar um cidadão crítico, políticamente ativo e participante e cumprir sua função social como professor.
Porém, além dos problemas da formação do professor de história e do conteúdo dessa disciplina, há também o problema da forma, que acredito fazer-se presente em todo o ensino das ciências humanas. A história não permite demonstrações palpáveis e laboratoriais, ou seja, um empirismo como o da química, física e biologia, portanto é de difícil visualização para o aluno que não vê e não toca, mas mesmo assim tem que construir uma imagem mental para lembrar-se. O professor de história precisa criar estratégias para seu ensino não tornar-se apenas um empilhado de fatos e datas sem sentido e não ficar sem resposta para a clássica pergunta “para quê que eu vou usar tudo isso em minha vida?”. Não adianta apenas idealizarmos apresentações de datashow, uso de mapas, apresentação de filmes e documentários, pois muitos de nós daremos aulas em escolas públicas que talvez não possuam nenhum desses recursos.
Apesar de não ter respostas para nenhum desses questionamentos ainda, que são reflexões que pairam constantemente em minha formação e me inquietam, acredito que sejam válidas de uma forma ou de outra para todos nós que em algum dia passaremos pela sala de aula e que esperamos fazer um bom trabalho.

Fernanda Carolina Santos Ramos (102242)

Um comentário:

  1. muitas questões para se pensar mesmo, Fernanda...Deve ser uma busca constante essa da formação.
    Heloísa

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