segunda-feira, 18 de abril de 2011

Resenha do Cap. 1: Arte e imaginação


 Aluno: Paulo Ferreira Junior, RA: 089961.


No capítulo “Arte e imaginação”, Vygotsky distingue, grosso modo, dois tipos básicos de impulsos da atividade humana: o reprodutor (ou reprodutivo) e a atividade criadora (ou combinadora). Para o autor bielorrusso, em função da plasticidade do cérebro humano, ele pode facilmente modificar sua fina estrutura sob a influência de diversas pressões; donde se vincula a atividade reprodutora à memória, uma vez que o homem, a partir dessas marcas (modificações) armazenadas no cérebro, pode reproduzir imagens e/ou ações no cotidiano.

Entretanto, como ressalva Vygotsky, se o homem só se limitasse a conservar as experiências anteriores (marcas/modificações da plasticidade do cérebro), ele não estaria apto para o novo e o imprevisível. Assim, chega-se a segunda atividade humana, a que combina e cria. Essa atividade não só reproduz uma experiência ou impressão vivida, mas, a partir dessa “bagagem”, combina e cria novas imagens e ações.

A essa atividade criadora (ou combinadora), dá-se o nome de imaginação ou fantasia e se manifesta em todos os aspectos da vida cultural (e.g, arte, ciência, tecnologia etc.). Com efeito, Vygotsky dá um passo inovador nas ciências humanas, uma vez que ao invés de abordar a faculdade da razão, como costumeiramente se fez na história da ciência e da filosofia[1], o autor bielorrusso salienta a importância da faculdade da imaginação como base para a criação do mundo da cultura.

                Vygotsky acrescenta que todos os objetos da vida ordinária (e.g, um arado) são como que “fantasia cristalizada”. O mais interessante ainda é que, nesse sentido, é possível desvincular a criação como um epíteto apenas de grandes gênios, uma vez que tudo aquilo que é humano agrega, de certa forma, colaborações feitas por inventores anônimos.

                Segundo Vygotsky, a importância da faculdade da imaginação para o desenvolvimento humano pode ser notado nas crianças. É evidente, diz ele, que as crianças utilizam o impulso reprodutor, e.g, em seus jogos e brincadeiras; porém, as crianças não se limitam a isso, elas reelaboram esses dados adquiridos na experiência e criam situações novas, ou seja, a combinação dos elementos que a criança dispõe constitui a criação.

                Em suma, Vygotsky relaciona sistematicamente dois impulsos da atividade humana: a reprodução e a criação. O homem pode reproduzir porque dispõe de elementos gravados na memória e ele pode combinar esses elementos criando outros. Essa capacidade de combinar, Vygotsky chama de imaginação e ela é fundamental para o desenvolvimento humano.

Referencia:

Vygotsky, L. S. La imaginación y El arte em La infância. Madrid: Espanha. Ed. Akal, 2009 (Para esse trabalho utilizamos o capítulo 1 traduzido e disponibilizado por Heloísa Matos Lins).



[1] Muito embora podemos encontrar em autores como David Hume e, sobretudo, Jean-Jacques Rousseau (ambos do século XVIII) uma abordagem diferente da faculdade da imaginação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.