terça-feira, 7 de junho de 2011

Resenha para a atividade prática do segundo Capítulo da tese “Conhecimento e conhecimento escolar: um estudo de representações sociais de professores”.


Resenha para a atividade prática do segundo Capítulo da tese “Conhecimento e conhecimento escolar: um estudo de representações sociais de professores”.
Por Olavo Antunes de Aguiar Ximenes RA 063447
Os antecessores.
            O problema que Nunes (2010) quer resolver é como os professores representam o conhecimento, mas para chegar a esse problema, em primeiro lugar, nossa autora precisa expor o que é representação (social) em primeiro lugar.
            O estudo de representações sociais, embora dentro da psicologia social, é um campo de intersecção de dois saberes, a psicologia e a sociologia, pois trata da comunicação e construção de uma realidade comum ou, de outra forma, como as pessoas estruturam a sua realidade e como são capazes de construir conhecimentos nas suas relações cotidianas.
            As representações sociais, nesse sentido, servem como um referencial de sentido e de atitudes implícito através dos quais as pessoas conseguem criar expectativas comunicativas e de ação entre si.
            A obra inaugural, para Nunes (2010), na pesquisa em representações sociais é a La psychanalyse, son image, son public de Serge Moscovici (1928), de origem judaica, nascido na Romênia, radicado na França.
             No entanto, isso não quer dizer que a origem do estudo das representações não tenha predecessores como Durkheim (1858-1917)  passando por Levy- Bruhl (1857-1939), antropólogo, assim como por Piaget e Vygotsky.
            Em Durkheim, por exemplo, encontramos a noção de representações coletivas, que são engessadas e vinculantes ao indivíduo; são produções coletivas e racionais de um grupo que tem por função a preservação de vínculos, o fornecimento de substrato para a ação e, por fim, guarda em si um momento coercitivo. Aqui a representação é coletiva porque imposta a partir do meio.
            É mister notar que a diferença entre representação coletiva e subjetiva reside em dois eixos conceituais: constância-efemeridade, objetividade-subjetividade. Nota-se também que Miscovici prefere o termo social a coletivo justamente para se afastar de certas noções engessadas e tradicionais de representação, pois nosso teórico acredita que as pessoas não só tomam as representações como dadas, mas as reelaboram.
            Nosso segundo predecessor é o antropólogo Levy-Bruhl, ele mostrou que as representações sociais ou coletivas só podem ser realmente apreendidas dentro de redes de significados e de outras representações de um dado grupo ou de uma dada cultura, isto é, que isoladamente elas carecem de sentido, além do que, as representações não se dizem somente enquanto intelectuais, elas são também emocionais e afetivas. E, mais ainda, dentro dessa estrutura em rede da cultura, as representações apresentam uma lógica interna.       
Piaget seguiria, então, uma linha mais durkheimiana, que apresentaria as representações sociais dentro de uma certa continuidade lógica-temporal do desenvolvimento do indivíduo enquanto Vygotsky apresenta uma noção de representação com uma evolução descontínua e remetida a interação social com um outro. [i]
O norte teórico.
            “Para Moscovici(1978), elas [as representações sociais] se encontram na intersecção entre conceitos e percepções, possuem elementos cognitivos e perceptivos, possibilitam uma abstração e, ao mesmo tempo, atribuição de significado”. NUNES (2010)
            As representações servem com um contexto de fundo que organizam as representações, as ações, as percepções do indivíduo, assim como possibilitam a comunicação entre os indivíduos, a partir do momento em que essas representações funcionam como pressupostos não questionados ou questionáveis. Por outro lado, as representações também são objetos da e produtos da própria comunicação interpessoal. Tendo então múltiplas funções.
            “Por meio das representações sociais podemos partilhar uma linguagem comum, valores comuns, memórias comuns.”. NUNES (2010)
De um lado, as representações funcionam como teoria, porque dão um sentido e um norte à realidade caótica empírica, possibilitando a comunicação dentro de um e do grupo. De outro lado, essas representações são mais móveis e mais fluídas.
Recapitulando, as representações sociais são um sistema de valores, idéias e práticas que servem (i.) para formar uma ordem e orientar e (ii.) para formar uma ordem classificativa para a comunicação, trazendo o não familiar para dentro do familiar. Por fim, é importante frisar que representação social não é nem mito, nem opinião nem imagem nem ideologia.
Em resumo, haveria “um quadro conceitual de representações sociais sobre diversos assuntos já muito cedo na história da criança e que esse quadro conceitual, essas representações sociais ou esses conhecimentos prévios (são todos termos usados pelo artigo) têm um papel fundamental nos processos de aprendizado, porque eles intermedeiam novos conhecimentos. Destarte, do ponto de vista do educador, a tarefa é trazer à luz esses conhecimentos prévios, problematizá-los; do ponto de vista da pesquisa em educação, é saber como a educação pode influenciar esse quadro. Deve-se ressaltar que esse quadro prévio não é imutável, mas é social, partilhado e modificado por cada individuo no seu processo de construção da identidade própria e social. Esse quadro de representações é fruto de um interação com o ambiente e de uma (re)construção própria.”

Fonte:
NUNES, Nadir Neves. Conhecimento e conhecimento escolar: um estudo de representações sociais de professores. Tese da Faculdade de Educação da Unicamp, 2010.


[i] ¨(...) o domínio da cultura dar-se-ia a partir da relação com o outro, isto é, da interação social.¨

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