sábado, 18 de junho de 2011

Seminário - Arte, imaginação e criatividade

Material do seminário: Arte, imaginação e criatividade
Por: Sílvia Renata Braga e Oliveira (parte da afetividade)

AFETIVIDADE

HENRI WALLON E ARTE
A arte proporciona um meio de expansão do indivíduo para a linguagem não verbal. A exemplo disso, podemos destacar as artes plásticas, que utilizam a linguagem visual, a dança e o teatro, que utilizam a linguagem corporal e interpretativa e, por fim, a música, que faz uso da linguagem auditiva.
A linguagem não verbal e a observação são importantes instrumentos na aprendizagem significativa, que sob a perspectiva de Vigotsky, trata-se de um conceito que envolve sentido (social e generalizado) de algum objeto ou manifestação acrescido da experiência específica do indivíduo, que traz uma carga significativa singular para cada um.
Além disso, a linguagem não verbal aparece como instrumento de desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo (conceito da pessoa completa de Henri Wallon).
                Todo tipo de arte tem o poder de, além de desenvolver o indivíduo ativo artisticamente nessas três vertentes (cognitiva, psicomotora e afetiva), é capaz de agir de forma também efetiva no indivíduo expectador dessa arte, fazendo-o pensar, copiar movimentos e sentir a expressividade contida no material artístico apresentado.
                Sob essa perspectiva, a ponte Wallon – Arte torna-se evidente.

AFETIVIDADE E ARTE
                “A origem das funções superiores do comportamento consciente deve ser baseada nas relações que o homem mantém com a sua cultura” (Sérgio Leite – 2006);
                Essas funções superiores do comportamento consciente, tão necessárias a todas as áreas do conhecimento, principalmente para a compreensão de linguagens fundamentalmente simbólicas como a arte, dependem intimamente das relações sociais e culturais, ou seja, de uma compreensão do “sentido” dos objetos, relações e manifestações.
Nesse viés, a afetividade aparece como a qualidade dessas relações. É possível que essa relação seja de boa qualidade ou de má. Afetividade - “Qualidade da história de  mediações vivenciadas pelo sujeito em relação ao objeto, no seu ambiente cultural, durante sua história de vida.” (Sérgio Leite – 2006).
A seguir, o que se sugere é que a arte seja utilizada para aquisição de conhecimento, atuando de maneira a melhorar a qualidade das mediações em sala de aula.

QUALIDADE DAS MEDIAÇÕES – ENSINO DAS ARTES
Utilizei alguns parâmetros afetivos da pesquisa de Sérgio Leite sobre os elementos mediadores na constituição dos sujeitos como leitores para comparar com a realidade do ensino das artes;
                Mediação familiar: de caráter bastante afetivo. Nota-se que esse tipo de mediação, que apareceu como elemento na formação de leitores, (incentivo, motivação) ocorre muito também para o início do estudo de artes por parte do sujeito;
Relação professor-aluno: ambiente de criação artística propício à proximidade; professores amantes de seu objeto de estudo;
A seguir, utilizo alguns trechos da pesquisa de mestrado de Rosany Teixeira, baseada nas questões afetivas do ensino das artes para alunos com necessidades especiais:
“Reconhecemos a importância do ensino da arte fundamentada no sujeito...”, “De acordo com as especificidades dos alunos, cada olhar, gesto ou movimento eram relevantes no estabelecimento da comunicação e na condução de ações que possibilitassem explorar ao máximo suas potencialidades expressivas por meio do desenho, da pintura ou de outro procedimento”. – A postura do professor de arte deve ser baseada na afetividade, pois a criação também depende da vontade e motivação do aluno, ou seja, da afetividade do indivíduo para com a ação proposta.
Arte como elemento mediador: “A imagem agia como elo integrador e também motivador, fosse pelas características formais ou cromáticas, pelo tema, ou ainda pela curiosidade dos alunos em manusear, ver detalhes, descobrir algo novo.” - O uso de elementos artísticos (música, dança, artes visuais, teatro etc.) motiva a criação.
 – Trabalho realizado com apresentação de imagem artística como elemento mediador
                               Imagem de inspiração             Trabalho do aluno
 – Trabalho do mesmo aluno em outra aula, em que não foi utilizado nenhum material artístico como elemento mediador.


QUALIDADE DAS MEDIAÇÕES – ENSINO DE OUTRAS DISCIPLINAS
A Imaginação e a arte, sob a perspectiva apresentada até o momento, como linguagem não verbal, simbólica, que exige cognição, motricidade e afetividade pode acarretar a aquisição de competências que servem à aquisição de outras competências.
Levando em consideração a concepção monística de que o homem pensa e sente ao mesmo tempo, é possível utilizar a arte como elemento mediador em outras disciplinas, pois ela é capaz de melhorar a qualidade dessas mediações, propiciando uma relação de afetividade do aluno para com a disciplina em questão.
A exemplo disso, foi apresentado no seminário o projeto cultural idealizado e executado pela Banda Hai Kai, premiado pela Secretaria de Estado e Cultura por meio de edital do ProAC (programa de ação cultural).

                        ESPETÁCULO: HAI KAI: POESIA EM FORMA DE ROCK
O projeto consiste em Realizar, em teatros de cidades do interior paulista, apresentações musicais voltadas aos alunos do ensino médio, de escolas estaduais ou municipais, com a banda Hai Kai.
O empreendimento foi realizado com muito sucesso e aceitação, pois os alunos de escolas públicas pouco possuem acesso à cultura e estão acostumados com a mediação convencional “bancária”, em que professor deposita o conhecimento no aluno. A relação afetiva desses alunos com a literatura provavelmente já foi muito prejudicada com essas aulas convencionais e pouco interativas. Procuramos, por meio desse projeto, fazer com que os alunos, em primeiro lugar, sentissem a poesia, se inspirassem e adquirissem um relacionamento melhor com esse conteúdo, para que, depois, em sala de aula, o interesse seja maior.
Por fim, procuramos, no seminário, associar a criação, aliada ao incentivo e ao elogio como elemento elevador da autoestima dos alunos.
“Estudos apontam que pessoas com percepções positivas de suas capacidades aproximam-se de tarefas com confiança e alta expectativa de sucesso. Consequentemente, acabam se saindo bem” – Moisés, 2001 p 38.

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