segunda-feira, 23 de maio de 2011

Análise crítica do livro “Pensamento e Linguagem” Cap.II “A Teoria de Piaget sobre a linguagem e o pensamento das Crianças”

Adriano, ra:090211

Vygotsky começa o texto descrevendo a grande contribuição de Piaget para a psicologia, como a abordagem positiva do pensamento infantil, que proporcionaram a demonstração das diferenças qualitativas do pensamento da criança e do adulto, e o método clínico. Esse foi claramente influenciado por seu pensamento biológico, assim como os estágios de desenvolvimento da criança até o adulto.

Vale lembrar também as pesquisas sobre a moral das crianças.


Mais a diante Vygotsky relata sobre a importância do pensamento egocêntrico da criança para Piaget, pois para ele (Piaget) , o pensamento egocêntrico é o elo de todas as características específicas da lógica infantil. Vygotsky não trabalha com a ideia de subconsciente, por isso e pela sua linhade pensamento materialista histórica dialética de Marx, ele não aceita o conceito de pensamento autístico de Piaget. Pois para o suíço o pensamento autístico vem do subconsciente e o dirigido do consciente. Para Vygotsky o pensamento dirigido vem do social e o autístico do individualismo. Eu fico muito confuso em relação a essas diferenças, pois não sei em quem acreditar. 
 

É necessário ter muito cuidado para se fazer comprovações em psicologia, pois lida com vidas humanas. Por isso, como Vygotsky mesmo escreveu que existem muitos teóricos importantes que tem ideias muitas vezes conflitantes, e possivelmente nunca vamos encontrar uma maneira de comprovar qual é a “certa”.

No caso das teorias de Piaget e Vygotsky sobre o pensamento autístico versus o pensamento dirigido, acho que poderia haver uma convergência caso a pessoa que junte as ideias aceite o fato da existência do subconsciente. No meu caso ainda estou com muitas dúvidas, poisno mesmo semestre tenho aulas com uma professora vygotskiana e outra junguiana. 
 

Outro conceito piagetiano interessante que Vygotsky trata é sobre o pensamento egocêntrico versus o socializado. Pelo que eu entendi o pensamento egocêntrico é uma forma intermediária entre o pensamento autista e o pensamento socializado. Vygotsky observa que as diferenças entre o pensamento autístico e o egocêntrico são muito pequenas. 
 

Interessante é a frase de Piaget: “Acima de tudo, o brinquedo é a lei suprema do pensamento egocêntrico”. Não sei até onde isso é verdade, pois Vygotsky também critica o fato de que Piaget apenas estudou crianças de um grupo social e não de vários. Sendo assim muitos já perceberam a diferença entre crianças suíças e de outros povos. Talvez um pensamento mais abrangente seria invés de usar a palavra brinquedo, poderia-se usar fantasia e/ou objetos que proporcinam a ludicidade(no caso das crianças ocidentais, o brinquedo).

No final da seção I, Vygotsky critica o pensamento generalista de Piaget em relação ao egocentrismo. Obviamente se vê nessa diferença um conflito entre um pensamento vindo de um biólogo, que tem a necessidade de classficar e acaba fazendo grandes generalizações e de um sociólogo que abomina essas mesmas grandes generalizações.


Na seção II, Vygotsky descreve o principal ponto de divergência entre ele e Piaget. O conceito de pensamento egocêntrico. Piaget diz que o pensamento egocêntrico desaparece com a fala egocêntrica, mas Vygotsky em seus testes demonstra que com o passar da idade a fala pode sumir, porém o pensamento continua. Não sei porque Piaget não percebeu isso antes, ou o motivo pelo qual ele não tentou se aprofundar mais sobre como o pensamento egocêntrico se manifesta além da fala.


Vygotsky vai além e diz que a fala mais primitiva da criança é social! Pois para ele a função primordial da fala é o contato social. Depois a fala se divide em egocêntrica e comunicatica, ele usa o termo “comunicativa” porque Piaget diz que a fala egocêntrica é uma coisa e a socializante é outra. Para Vygotsky as duas são socias, embora as funções sejam diferentes. Essa ideia é uma total diferenciação de Piaget. Ela é muito boa, e demonstra bem o pensamento sociológico de Vygotsky em contraponto ao pensamento biológico de Piaget.

Me desculpem pela minha ignorância, mas o pensamento egocêntrico não permanece em nós até hoje? E não nos acompanha até a morte? Com a diferença que “divide espaço” junto com a pensamento socializante? E dependendo do tipo de educação que a pessoa teve, o pensamento egocêntrico não parece predominar mesmo na vida adulta? Poderíamos chamar o pensamento egocêntrico infantil de pensamento individualista nos adultos? E a sociedade de consumo pode aumentar o pensamento egocêntrico? São umas questões que me vieram enquanto escrevia essa análise crítica.


Assim Vygotsky termina o capítulo dois do livro “Pensamento e Linguagem” fazendo uma dura crítica a Piaget, pois ele não leva muito em consideração o ambiente, mas somente o indivíduo. Ele cita o psicólogo e filósofo alemão William Lewis Stern, que diz que a fala eogocêntrica das crianças alemãs no jardim de infância era menor do que a fala egocêntrica das crianças suíças. Vygotsky complementa, dizendo que se o experimento fosse feito na URSS, o egocentrismo seria menor ainda. E se o experimento fosse feito em crianças de uma sociedade dita “primitiva”, onde senso comum de unidade é extremamente maior do que nas sociedades alemã, suíça ou soviética? Qual seria o resultado?

Bibliografia
Vygotsky, L. Pensamento e linguagem. Tradução de M. Resende. Lisboa: Edições Antídoto, 1970.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.