terça-feira, 24 de maio de 2011

Análise crítica S8 - Afetividade

Yan Caramel Zehuri - 089978

Até o momento presente no curso de psicologia da educação pudemos ter contato com importantes teóricos interacionistas, como Vigostky. A partir da contribuição deste autor, especialmente, é possível desenvolver interessantes reflexões a cerca da determinação social no psíquico humano e na formação do ser social, capaz de transformar a realidade a partir de sua ação consciente. A princípio, poderíamos nos contentar com o aprofundamento dos aspectos que a teoria de Vigotsky aborda na questão do papel do educador como mediador do conhecimento e não como transmissor dele, portanto, como agente cultural. Contudo, o objetivo deste texto é elucidar aspectos que o interacionismo desenvolver desde contribuições de outros autores, especificamente a dimensão da afetividade no processo de desenvolvimento humano (especialmente da aprendizagem) elaborada teoricamente na teoria de Wallon.
Quando pensamos nos termos que Vigotsky utiliza para elaborar teoricamente o processo de desenvolvimento humano, das funções elementares para as funções superiores, podemos considerar os aspectos culturais determinantes como elementos puramente racionais. Ainda que pensemos na subjetividade, indispensável para pensar as questões culturais, podemos considerá-la apenas de modo calculista, frio. O que Wallon nos traz a este respeito é a consideração dos aspectos afetivos intrínsecos a atividade de mediação proposta por Vigotsky. Aqui, estamos nos referindo a uma tradição filosófica que se reproduz até nossos dias de maneira sensível: o pressuposto de que é possível (e muitas vezes desejável) a separação do corpo e da alma. Ente as tradições cristãs podemos notar isso com relação aos pecados, relacionados com as tentações do corpo, e a alma, portadora da inocência e pureza redentoras. Na ciência podemos notar isso na relação entre a objetividade, alcançada através da suposta neutralidade do pesquisador, e da subjetividade de posições políticas claramente definidas e a paixão que o pesquisador possa eventualmente adotar, que inviabilizam a credibilidade do trabalho científico. Wallon está propondo um combate a estas concepções dualistas em favor de uma articulação dialética entre razão e emoção, através da consideração da afetividade na mediação do professor. Esta posição pode ser pensada como um esforço humanista do teórico em oposição a um certo positivismo predominante.
Wallon buscará articular a cognição e a afetividade em uma unidade que sempre oscila entre um polo e outro. A articulação destes polos tradicionalmente contrapostos é uma tentativa de superar uma concepção superficial e infecunda do ser humano. A atividade do ensino pôde superar a concepção do professor como transmissor de conhecimento a partir das condições históricas que permitiram o desenvolvimento teórico da relação entre sujeito e objeto. A superação desta concepção passa por considerar o aluno sujeito da atividade, ativo e não passivo, e o educador mediador do conhecimento e não detentor exclusivo deste.
Alguns elementos trazidos por Wallon para pensar a afetividade em toda sua importância na atividade do ensino são a postura do professor, os incentivos e a relação com a auto-estima proveniente desta; a escolha dos temas abordados e a definição dos objetivos do ensino de determinados temas, que implica valores, crenças, intenções e desejos; e a relação do professor com o conhecimento trabalhado, a existência ou não de afetividade com o conteúdo e o domínio do mesmo, que implica na transmissão de segurança para os alunos. A verificação de uma afetividade positiva pode contribuir para a evolução da cognição, e da mesma forma, o desenvolvimento da cognição depende de condições afetivas e relaciona-se novamente com estas, reproduzindo certas condições e rompendo com outras. Dois exemplos interessantes a serem considerados são o do professor que influencia a escolha profissional do aluno, marcando toda a vida deste, e o professor que é mal sucedido na mediação (inter-pessoal e, portanto, afetiva) com o conhecimento, gerando a aversão de determinada área do conhecimento ou minando a auto-estima do sujeito, como no caso de pessoas que temem a fala em público (se este temor tiver raízes na sala de aula)

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