quinta-feira, 19 de maio de 2011

Análise Crítica II: Desenvolvimento e Aprendizado

por Vininicius Rosini Rufino


Considerando a temática sugerida nesse “módulo de discussão”, nesta análise crítica concentraremos nossos esforços na tentativa de elucidar como Vigotski aborda a questão da relação desenvolvimento-aprendizado. Nesse sentido, o texto “Interação entre Aprendizado e Desenvolvimento”, capítulo 6 do livro A Formação Social da Mente (Martins Fontes, 2008), servirá de principal fonte.
Segundo Vigotski, existem “três grandes posições teóricas” que tratam da relação entre desenvolvimento e aprendizado em crianças, as quais diferem-se, principalmente, segundo a posição que atribuem  a esses dois processos na história do indivíduo; a maior ou menor importância de um relação ao outro.
A primeira, segundo o autor, “centra-se no pressuposto de que os processos de desenvolvimento da criança são independentes do aprendizado” (VIGOTSKI, p.87, 2008). A partir dessa perspectiva, que tem Piaget e Binet como principais representantes, em síntese, o desenvolvimento constitui o substrato para o aprendizado, isto é, o primeiro é “pré-condição” para o segundo, aquele sempre está à frente em relação ao segundo.
A segunda concerne que “aprendizado é desenvolvimento”, ou seja, estabelecem uma relação de identidade entre ambos. É nesse âmbito que o conceito de “reflexo” assume importância candente no escopo dessa teoria. Para os teóricos adeptos dessa posição ocorre a “simultaneidade” entre esses dois processos, tal qual a sobreposição imagética de duas figuras geométricas idênticas.
A terceira posição, defendida por Koffka e os gestaltistas, no intento de superar os termos que opõem as perspectivas teóricas apresentadas anteriormente, operam a “fusão” de um processo em outro, isto é, concebendo o aprendizado como “parte” integrante do desenvolvimento, assemelhando-se a uma relação de continência, representada por círculos concêntricos, em que o menor seria o “aprendizado” e o maior, englobando-o, o “desenvolvimento”. Em suma, ambos os processos não coincidem (VIGOTSKI, p.94, 2008).
Por sua vez Vigotski, contrário às tendências acima expostas, elabora uma nova abordagem que busque compreender a relação entre os processos de desenvolvimento e aprendizado, a qual denomina-se: zona de desenvolvimento proximal. De acordo com o autor:

(...) Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (VIGOTSKI, p.97, 2008).

Essa perspectiva “revolucionou” a psicologia do desenvolvimento, reconsiderando a importância da “imitação” no processo de desenvolvimento da criança e enfatizando, sobremaneira, o papel da “interação”, da “mediação” interpessoal no desenvolvimento. Segundo Vigotski, existe uma “unidade” entre desenvolvimento e aprendizado, pressupondo uma relação dialética entre ambos. Em seus dizeres:

Nossa hipótese estabelece a unidade mas não a identidade entre os processos de aprendizado e os processos de desenvolvimento interno. Ela pressupõe que um seja convertido no outro. Portanto, torna-se uma preocupação importante na pesquisa psicológica mostrar como se internalizam o conhecimento externo e as capacidades nas crianças. (VIGOTSKI, p.104, 2008).

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