segunda-feira, 30 de maio de 2011

Análise Crítica S7/S8

GUSTAVO RAFAEL BIANCHI AZEVEDO FERREIRA - RA: 093845

Em seu artigo A pesquisa em psicologia sócio-histórica: contribuições para o debate metodológico, Wanda Maria Junqueira Aguiar afirma que Vigotsky sempre esteve bastante interessado no problema de saber qual a melhor metodologia para a psicologia. Uma vez que ele assumia haver uma relação muitíssimo estreita entre o indivíduo e a sociedade, o método dessa ciência deve necessariamente levar em conta o social. Outra complicação é o fato de que a subjetividade não pode ser estudada com a mesma positividade que a física, por exemplo. Por isso, encontrar um método adequado à complexidade do objeto de estudo da psicologia é uma tarefa difícil.

O chave para o estabelescimento dessa metodologia parece ser a linguagem, pois ela é aquilo através do que o indivíduo realiza e comunica o ato por exelência de sua subjetividade: o pensamento. De fato, Aguiar diz o seguinte: "A linguagem é instrumento fundamental no processo de mediação das relações sociais, por meio do qual o homem se individualiza, se humaniza, apreende e materializa o mundo das significações que é construído no processo social e histórico".

Mas o significado preciso da palavra (pensamento materializado, ou seja, apenas aparentemente pensamento) se esconde de nós na medida em que esse significado é um pensamento imaterial e, portanto, permanece ainda, de certo modo, apenas em posse do subjeito pensante. Aguiar afirma que "cabe ao pesquisador analítico o esforço de ultrapassar essa aparência" e decifrar esse significado, o que pode ser feito apenas através de uma análise que atente também para as forças ou tendências que determinam o processo de constituição da palavra, como a sociedade, o outro, a afetividade, etc. Aguiar cita Vigotski: "por trás de cada pensamento hé uma tendência afetivo/volitiva, que traz em si a resposta ao último porquê de nossa análise do pensamento".

Nesse sentido, o artigo de Aguiar passa a apresentar "algumas questões, encaminhamentos e dúvidas, construídos a partir de pesquisar realizadas", a respeito do problema da metodologia da psicologia, tendo em vista a estreita relação entre pensamento e palavra e a dificuldade de decifrar o primeiro a partir da segunda.

Aguiar apresenta a questão da separação entre o trabalho de pesquisa e a intervenção (com vistas à melhora) no espaço pesquisado. Ela aponta para a necessidade de se aliar pesquisa e intervenção, embora a realização disso seja difícil e delicada. Pois é preciso ter cuidado para não embaralhar pesquisa e prestação de serviços. Além disso, a intervenção pode comprometer os dados (a saber: palavras, i.e., pensamento materializado, determinado) que alimentarão a pesquisa. Essa é uma questão que toca em um ponto crucial: se assumimos que o outro é uma força determinante da palavra, somos obrigados a admitir que o pesquisador, enquanto "o outro" durante a coleta de dados, derminará esses dados, essas palavras, e portanto mais uma camada de aparência ocultará o pensamento real dos sujeitos pesquisados.

Esse ponto é central. Ainda que não se pense em uma pesquisa intervncionista, o pesquisador da psicologia influencia, de algum modo, nos dados coletados. Assim, ele deve procurar formas de coletá-los com o mínimo de interferência possível. Por último, embora não menos importante, lembre-se que a análise deve se focar no processo de constituição da palavra coletada e do pensamento que ela significa, investigando tudo aquilo que pode ter determinado ou influenciado tal processo.

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