domingo, 22 de maio de 2011

Análise Crítica S7 e S8 – Método e Afetividade

Nome: Bruno Naomassa Hayashi              RA:072866

                Assim como Vigotski e sua perspectiva, o filósofo, médico e psicólogo francês Henri Wallon partindo das bases filosóficas do materialismo histórico e dialético de Karl Marx, jogará luz para novos aspectos não aprofundados nas pesquisas científicas de até então, mantendo um intercâmbio critico com a produção psicológica passada e contemporânea, valorizando igualmente um ponto de vista genético, isto é, uma perspectiva que valorize e busque a gênese da pessoa completa, aqui uma contribuição específica desse autor. “Recusando-se a selecionar um único aspecto do ser humano e isolá-lo do conjunto, Wallon propõe o estudo integrado do desenvolvimento, isto é, que este abarque os vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil (afetividade, motricidade, inteligência)” (GALVÃO, 2006, p. 32).
                Essa tríade está na base da psicologia de Wallon e a afetividade em específico é a grande novidade de sua teoria. É extremamente interessante a forma com que então com essa tríade é possível pensar os processos e práticas de ensino e aprendizagem, não mais como um ato cognitivo, pura e simplesmente, mas senão como um ato do corpo inteiro, envolvendo essencialmente tantos as funções cognitivas como as funções afetivas, em um relacionamento dialético, um se entrelaçando no outro, dando, juntas, base para o desenvolvimento humano, ainda que ora com a predominância de um ora com a predominância de outro. Assim é que várias pesquisas, algumas das quais o professor Sérgio Leite (2006) reuniu em sua obra “Afetividade e práticas pedagógicas”, demonstram a existência desse ato completo (afetivo, cognitivo e também motor), que sempre esteve determinando situações pedagógicas de “sucesso”, mas que sempre foi deixada um pouco de lado pela psicologia e filosofia ocidental cegada pela dicotomia razão emoção, com a predominância das preocupações racionais. “A qualidade da mediação [centralmente feita pelos familiares e professores] vivenciada pelo aluno, em muitos casos, determinam toda a história futura da relação entre ele e os diversos conteúdos estudados. Tal relação é em muitos casos essencialmente afetivas” (LEITE, 2006, p. 19). A percepção da afetividade e o aprofundamento dos estudos sobre essa função como um entre tantos outros fatores fundamentais do desenvolvimento humano e do processo de aprendizagem traz sem dúvida novos elementos para pedagogos e psicólogos apurarem seu olhar sobre a subjetividade humana, o complexo objeto dessas ciências.
E apenas uma nota sobre o método de Vigotski. Ela parece bastante acertada ao manter um aspecto central de sua psicologia: o ponto de vista da totalidade, a pesquisa psicológica enquanto tentativa de captar, em um determinado momento, todo o complexo processo de constituição da subjetividade, que é vista aqui enquanto síntese de múltiplas determinações, das quais os aspectos histórico-culturais têm especial peso. Esse complexo processo pode ser captado através da palavra dos sujeitos, em seu sentido e significado (esse “é apenas uma das zonas do sentido, a mais estável e fria” (AGUIAR, 2006, 131)) que são o caminho até a subjetividade humana. Esses sentidos (organizados em núcleos de sentidos do discurso, quando de uma entrevista, uma dinâmica, etc.) carregariam mais do que um momento determinado, uma opinião determinada, senão toda uma história, uma cultura, pois “o indivíduo apesar de ser único, contém a totalidade social e as expressa nas suas ações, pensamentos e sentimentos” (AGUIAR, 2006, 131). Posteriormente cada sentido e núcleo precisam ser rearticulados sendo só então possível captar a subjetividade, que por excelência a síntese de um movimento.

Bibliografia:

AGUIAR, Wanda. A pesquisa em Psicologia Sócio-Histórica: contribuições para o debate. In: BOCK, Ana et alli. Psicologia Sócio-Histórico: uma perspectiva crítica em psicologia. São Paulo: Cortez, 2001.
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. São Paulo: Vozes, 2002.
LEITE, Sérgio A. S. [org.]. Afetividade e práticas pedagógicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.

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