Análise crítica S5 e S6

Nome: Bruno Naomassa Hayashi                            RA: 072866

EL511 – Psicologia e Educação                                   Profª Heloísa Matos Lins

Análise crítica S5 e S6 – Pensamento e Linguagem

Buscando a explicação mais completa possível sobre a relação entre pensamento e linguagem assim como as características particulares e o processo de desenvolvimento de cada uma delas, Vigotski traz para sua análise todas as principais teorias, tendências e autores que estavam acessíveis a um pesquisador soviético do início do século XX, colocando então todos esses autores e sistemas teóricos que se debruçaram sobre o assunto com algum sucesso, em constante conflito e diálogo, ao mesmo tempo em que completava as lacunas ainda não superadas, formando, enfim, com todo esse processo um sistema explicativo o mais rico e científico possível. Cumpre importante papel aqui as fartas pesquisas empíricas desenvolvidas tanto pelo próprio grupo de Vigotski, como especialmente aquelas desenvolvidas e analisadas por outros autores, e ainda que o autor rejeite na maior parte das vezes a forma de interpretação desse material, ele resgata as principais luzes lançadas por essa interpretação teórica, mas principalmente reinterpreta tudo aquilo que foi observado e testado por esses outros pesquisadores quando em investigações empíricas.  Desse modo as conclusões de Vigotski soam muito como uma tentativa de síntese e sistematização de tudo o que vinha sendo produzido na época – e nesse sentido delineia um método exemplar.

Falando agora sobre o tema dessa análise, um pilar central do sistema vigotskiano é a percepção de certa independência do desenvolvimento do pensamento com relação ao desenvolvimento da linguagem, que se cruzariam e se afastariam um do outro ao longo da vida do indivíduo. O primeiro cruzamento que pesquisadores como Stern procuraram explicar e marcar, Vigotski, porém, prefere trabalhar na forma processual – de tal modo que a linguagem já mantém em si estágios pré-intelectuais assim como o pensamento, estágios pré-verbais. Para aprofundar mais a idéia, coloca então em conflito dois pensadores: por um lado, Piaget e sua poderosa descoberta do pensamento e da linguagem egocêntrica e, por outro, Watson com a sua noção de internalização da língua, ainda que esse trate o assunto de forma muito mecânica (voz alta – sussurro – linguagem interior). Adotando criticamente a seqüencia de Watson, e com isso rejeitando a proposta de Piaget (do autistico e extraverbal para o social), Vigotski propõe para a linguagem o seguinte processo de desenvolvimento: linguagem social – linguagem egocêntrica – linguagem interior (o processo de pensamento que se torna inerente a linguagem egocêntrica seria então internalizada – constituindo futuramente o pensamento verbalizado). Assim me parece que havendo dois desenvolvimentos (cada um já carregando aspectos um do outro), o ponto fundamental de cruzamento se iniciaria na linguagem egocêntrica e sua consumação final se daria com a linguagem internalizada que estruturaria o pensamento verbalizado (vale lembrar que essa forma de pensamento é apenas uma parte do pensamento humano como um todo).

É a partir disso que Vigotski introduz o fator cultural e social na explicação psicológica – único modo a partir do qual se poderá entender, junto ao desenvolvimento biológico do ser humano, a especificidade dessa nossa espécie. Da diferença entre o desenvolvimento da linguagem internalizada e do pensamento verbal com o desenvolvimento da linguagem e do intelecto “na forma como se desenvolveram ao longo de linhas diferentes, tanto nos animais como em crianças em tenra idade”, o autor conclui que um “não é desenvolvimento simples do outro [as formas superiores com relação às formas “inferiores”], mas ocorre uma mudança do próprio tipo de desenvolvimento – do biológico para o histórico-social” (VIGOTSKI, 2009, p. 149).

Bibliografia:

VIGOTISKI, L. S. A construção do Pensamento e da Linguagem. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2009.