Atividade prática: resenha e hipótese de trabalho

Paulo Ferreira Junior RA 089961

Nossa atividade prática pretende desenvolver duas frentes de trabalho: a primeira diz respeito às estratégias de aprendizagem; a segunda diz respeito às representações sociais. Uma questão levantada na primeira frente de trabalho foi a seguinte: “Como é o papel do mediador no processo de aprendizagem¹?”. A frente de trabalho representações sociais pode complementar essa questão investigando a representação que os alunos tem do professor.

Dois textos podem balizar nossa atividade prática: Quarta aula: A questão do meio na pedagogia de Vygotsky², e A pesquisa em psicologia sócio-histórica de de Wanda Aguiar³.

Basicamente, a conferencia de Vygotsky quer demonstrar a importância do meio no desenvolvimento psicológico da criança. A partir da noção de vivência, nosso autor comprova que um mesmo acontecimento pode ter um sentido diferente para um grupo de crianças; ou melhor, dito de outro modo, as crianças tem vivências diferentes de um mesmo acontecimento. Vygotsky utiliza como exemplo o caso da mãe com distúrbios de comportamento e a interpretação diferente que cada um de seus três filhos dava para esse fato. Ou seja, com esse exemplo, Vygotsky quer mostrar que a vivência representada encerra em si particularidades tanto da pessoa, quanto do meio.

Com essas ideias, passamos então ao texto de Wanda Aguiar sobre pesquisa e método em psicologia sócio-histórica. Nesse texto a autora dá um exemplo de pesquisa qualitativa na qual o ponto de partida é a palavra, o signo. Trata-se de uma pesquisa sobre “futuro profissional” com jovens desfavorecidos economicamente. A pesquisa apresentada por ela tinha como objetivo central apreender o sentido atribuído pelos jovens ao tema do futuro profissional; como as respostas eram diferentes, confusas e, às vezes, contraditórias - fato que evidencia que nem sempre há um espelhamento entre o significado de determinado signo e o sentido que o sujeito atribui a ele -, a autora desenvolve núcleos de significação do discurso, para depois enveredar a análise dos dados.

É nessa tônica que a frente de trabalho concernente às representações sociais poderia formular questões para os alunos, tais como: O que significa ser professor? O que é um bom professor? O que é um professor ruim? Por que professor X é bom? Por que professor Y é ruim? Etc.

Enfim, seja qual for o roteiro de entrevista adotado, muito provavelmente o grupo se depararia com a mesma dificuldade: uma pequena amostra de alunos poderia fornecer discursos abrangentes, ecléticos e contraditórios. Nesse caso, caberá ao grupo, nessa frente de trabalho, igualmente elaborar núcleos de significação do discurso como guia para as análises. Com os resultados dessas análises, poder -se-ia lançar alguma luz sobre a própria vivência dos alunos em relação ao professor e, assim, talvez tentar compreender melhor e complementar a questão levantada no início desta postagem e que se liga a frente de trabalho sobre estratégias de aprendizagem, qual seja: “como é o papel do mediador no processo de aprendizagem?”.

Bibliografia

VYGOTSKY, L. Quarta aula: a questão do meio na pedagogia. In Psicol. USP, vol.21, no.4, São Paulo: 2010. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642010000400003&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em 18 de maio de 2011.

AGUIAR, W. A pesquisa em psicologia sócio-histórica. In BOCK et al. “Psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia”. São Paulo: Cortez, 2001.

Notas:
 

1 Como não discutirei essa frente de trabalho nesta postagem, confira a postagem “Hipótese de trabalho (grupo apredizagem\representações sociais)” de Olavo Ximenes.

2 Trata-se de uma conferencia dada por Vygotsky e traduzida por Márcia Pileggi Vinha. Esse texto pode ser encontrado em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642010000400003&lng=en&nrm=iso&tlng=pt:>.

3Cf. Capítulo 7 in BOCK et al. Psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia. São Paulo: Cortez, 2001.